O Projeto Atena – ventilador pulmonar invasivo –  surgiu no CEiiA, no contexto da situação de emergência vivida pela sociedade a nível global resultante da pandemia COVID-19, sobretudo em associação com a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que os países obtivessem equipamentos ventiladores pulmonares para responder à epidemia, com base na estimativa que 14% dos infetados com COVID-19 têm pneumonia e 5% ficam em estado crítico, necessitando de ventilação externa para conseguir respirar e combater a doença.

Enquanto engenheiros de produto, com experiência em grandes programas de desenvolvimento de referência internacional em setores de elevada intensidade tecnológica, como o automóvel, a aeronáutica, o mar e o espaço, não poderíamos deixar de colocar à disposição da sociedade a nossa capacidade de produtização, desde a conceção à industrialização de produtos complexos.

Começámos, como sempre fizemos, por procurar envolver quem usa e sabe. Neste caso, tivemos connosco desde o início a comunidade médica especializada (intensivistas, pneumologistas, anestesistas e internistas) de várias instituições hospitalares públicas e privadas, de Norte a Sul do nosso país, bem como universidades desta área, em especial a Escola de Medicina da Universidade do Minho. Deste modo, fomos capazes de entender e definir as necessidades mais prementes no salvamento de vidas no combate ao novo coronavírus. Depois, analisamos detalhadamente as iniciativas em curso a nível internacional e nacional, convergindo para uma solução com requisitos funcionais essenciais ao quadro de tratamento clínico do COVID-19.

Assim, identificamos um espaço de oportunidade para o desenvolvimento de um ventilador invasivo a ser industrializado, no curto prazo, no nosso país.

O Projeto Atena partiu de um desenvolvimento do CEiiA e da comunidade médica espacializada, consubstanciará um caso de produção descentralizada de um novo modelo de ventilador mecânico invasivo, de baixo custo e montagem simples, capacitado para dar suporte a pacientes em falência respiratória aguda.

O Atena está em fase de protótipo funcional, com as montagens dos subsistemas e subsequente teste com pulmões artificiais. Paralelamente, está a ser desenvolvido o modelo de industrialização em função de um target de produção de 10.000 unidades, a ser assegurado pela indústria nacional.

O plano de ação prevê uma primeira produção da versão V1 de 100 unidades na célula-piloto no CEiiA até final de abril. Após esta fase, está prevista uma produção de 400 unidades da versão V2 até final de maio. Nos meses seguintes, iniciar-se-á a produção descentralizada da versão V3 com o objetivo de atingir as 10.000 unidades.